Às vezes, ponho-me a pensar, o que faço em terras tão distantes da minha terra natal?
Sou peregrina, aventureira, legionária?
Só sei que quando aqui cheguei me apaixonei,
Contemplar o pôr-do-sol, montanhas que desafiam,
Noites silenciosas e mágicas,
Estrelas cadentes, ventos que cantam.
Ao mesmo tempo me comovo com riachos que não choram mais,
Arvores retorcidas de tanto lutar para manter seu lugar,
Chão de poeira que se levanta e turva a visão,
Animais tristes perambulando, sem nenhum agrado, com costelas expostas
pois dá até dá pra contar.
Pessoas de olhares distantes, vazios e desencantados …. não há escolha!
Pés descalços, mãos com calosidades, povo sofrido …e tudo isso sem razão.
Meu coração entendeu e resolveu ficar.
O Curumim nasceu num parto difícil e ao mesmo tempo glorioso.
Foram anos de luta, escolhas significativas onde foi necessário renunciar
aos prazeres e convivência familiar em prol do trabalho elegido como meio de me tornar humana.
Sinto-me como um grão de areia nesse oceano cósmico,
Não percebo fronteiras ao olhar para o infinito do terraço da varanda
Sinto-me parte e, creio que as fronteiras ficaram no passado
e o meu verdadeiro lugar é no Universo….
Bem, por enquanto vou atender o portão… é alguém e deve precisar de algo…..
por Ieda Garcia