Vale? Por que o Vale?!

Vale? Por que o Vale?!

Por Ieda Garcia

Casas luxuosas, mansões suntuosas, uma disputa de vaidades e status numa sociedade corrompida de valores éticos e princípios.

Almas atormentadas circulam em compartimentos bem decorados com peças valiosas adquiridas em viagens pelo mundo dos prazeres. Perambulam como robôs acionados por medicamentos de última geração dos psicotrópicos.

Almas corroídas por culpas, remorsos, medos são movidos por pílulas para dormir, acordar, ter vigor sexual para abrandar suas frustrações, desilusões, desamor, o significado da vida, o sentido de existir estão longe dos seu interesse, seres banidos de si mesmo.

A cultura mórbida do corpo transforma o feminino belo em cópias idênticas de exposição para o consumo, a autoestima, a dignidade foi substituída por glúteos e seios empinados!   É o traço mais nítido de uma sociedade em decadência, valoriza-se o externo pelo aniquilamento do interno.

O contraste encontrado no Vale mostra o que é sobreviver a todo tipo de dificuldade, habitação, alimentação, saúde, vestuário, educação, totalmente opostos a vida na grande metrópole, ao conforto, ao desperdício, a vulgaridade e superficialidade!

Pessoas em profunda depressão dentro de suas casas confortáveis com tendências ao suicídio, síndrome do pânico porque suas vidas estão desprovidas de sentido, as diversões, passeios, barzinhos, viagens não são suficientes para preencher esse vazio existencial.

Enquanto isso um pai ou mãe desesperados buscam suprir com feijão (andu) a única refeição do dia no Vale da Dor. Corações partidos esperando talvez um milagre ou intervenção Divina.

Homens e mulheres que durante o ano todo tiveram seus pratos cheios, seu carro do ano na garagem, seu telhado a prova de tempestades, seus filhos em boas universidades, visitem o Vale e nos lugares mais inóspitos encontrarão pessoas como vocês, que ficarão felizes por serem lembrados na sua dor, se permitam a visitar casas de adobe sem móveis, sem colchões, para valorizarem suas vidas vazias e dando um novo rumo as suas vidas.

Aqui se reconquista o prazer pela vida e sentimento de gratidão por podermos compartilhar um pouco do que temos para aqueles que por questões cármicas nasceram sem direito a coisa alguma.

 

Lelivéldia, 01 de janeiro de 2020.

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